A Mantiqueira

O pouso das águas...
Tupis ou Jês

A chama consome a lenha
o calor agita o ar
a história é a fumaça.

O riacho e suas pedras
o vento na serra, o horizonte, o azul.
Hoje, apenas nós.

Pedaços do passado...
Felicitações reais!
Os reinos estão por aqui.
Palavras-legados abriram seus quintais.

A chama durou um tempo
o tempo não parou de contar.
Cinzas ao vento.

Na serra ainda verte,
mas não o seu nome,
tempos idos.

Pedaços do passado...
Felicitações reais!
Áureos tempos, tempo de encontrar.
Palavras-legados abriram seus quintais.

A chama consome a lenha...
(lap)


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segunda-feira, 24 de abril de 2017

sábado, 30 de julho de 2016

PAJERAMA
https://www.youtube.com/watch?v=BFzv0UhHcS0&index=22&list=LL-3vz9E8egpXQuD0XIsyn4g
O Desencantamento
O princípio da análise na Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer relacionam a conclusão de Weber com o mundo pós-guerra: o mundo racional-burocrático passa por um processo de desencantamento. O que isso significa?  Para tentar localizar este desencantamento, eles percorrem um caminho histórico desde as sociedades indígenas, para indicar que a separação cultura X natureza é o ingrediente básico e essencial para o nascimento da divisão do trabalho como conhecemos e para o nascimento da dominação.
A natureza é o instável, é aquilo que não se conhece, mas é aquilo que se tenta sempre conhecer. O medo propulsiona o sujeito para o conhecimento e o faz interpretar a natureza de forma que ele mesmo é parte da interpretação. Aí nasce o mito. O mito é uma reflexão sobre a natureza: é uma maneira de indicar um nascimento, de explicar o presente e de evocar um futuro não tão distante. No mito, tudo acontece com um objetivo claro e tudo tem significado, mas além disso, tudo tem relação direta com a sociedade em que o mito foi criado. Não existem mitos “distanciados” da realidade vivida, vistos de maneira “neutra” e “afastada”.
O irracionalismo dos mitos foi deixado para trás desde Platão e a tentativa de pensar o mundo como objeto, ou seja, pensar o mundo sem se identificar com ele, se iniciou. O nascimento da filosofia se dá sobre uma tentativa de se afastar da mitologia, mas ainda antes disso, um outro acontecimento foi decisivo para a mudança das formas de dominação. Se antes a dominação era diretamente ligada ao trabalho, à modificação da natureza (se dominava a natureza), depois do nascimento da noção de propriedade privada autorizada, com a fixação das tribos em terras estáveis de cultivo (deixando o nomadismo no passado), a dominação se separou do trabalho.
Os que não trabalhavam poderiam ser dominadores, pois poderiam exercer poder tendo propriedade dos meios de produção. Para os autores, os próprios mitos já mostravam a formação da divisão do trabalho, como quando Ulisses, para passar pelas sereias (na Ilíada), coloca cera nos ouvidos de todos os marujos remadores, com objetivo de que consigam trabalhar a pleno vapor, enquanto ele próprio é amarrado ao barco, para conseguir escutar o canto das sereias. Eis aí uma divisão do “empregador” e do “empregado”.
Quando, a partir do saber filosófico desenvolvido na Grécia, o homem passa a não mais se identificar com o mundo, mas se posicionar em oposição a ele, o caminho para a dominação irrefreável está aberto. Entretanto, a radicalização que o iluminismo trouxe para o pensamento humano, obrigando a aplicação do método científico e impossibilitando que qualquer outro discurso tivesse validade para enfrentá-lo, acabou completamente com o caráter imaginário das interpretações do mundo.
O desencantamento é produto da primazia da técnica. O método científico é pura técnica e cálculo. O controle da natureza foi elevado ao máximo e as incertezas que o mito produzia são eliminadas pela interpretação pretensamente objetivas do método científico. É assim que o projeto da modernidade pode ser definido como o desencantamento do mundo e o conhecimento se torna cada vez mais uma fonte de poder.